TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 13: conferência entra na prorrogação; entenda o que esperar

  • 22/11/2025
(Foto: Reprodução)
Olá, aqui quem escreve é Roberto Peixoto, repórter de Meio Ambiente no g1. Este é o Termômetro da COP30, edição #DIA 13, um boletim com o essencial que você precisa saber sobre a 30ª Conferência do Clima da ONU. Eu vou explicar para você, em 7 tópicos, como foi a sexta-feira em Belém. Eu conto que a COP entrou pela madrugada sem acordo e acabou empurrando as negociações para este sábado, depois de um dia inteiro marcado por impasses nos temas mais sensíveis. Vou falar também por que a ausência de referências aos combustíveis fósseis virou o principal ponto de tensão e levou países a aumentar a pressão por mudanças no texto final. E ainda explico como a disputa entre blocos, de um lado, quem exige algum tipo de transição; de outro, quem rejeita qualquer menção ao tema, deve determinar os rumos da conferência nas próximas horas, com a expectativa de um novo rascunho ainda nesta manhã. 1 - Em alta X em baixa EM ALTA: 🌍A presidência da COP30 colocou, pela primeira vez, a criação de um mecanismo global de transição justa em um rascunho oficial. A proposta abre caminho para que a ONU tenha um instrumento permanente voltado a apoiar países em desenvolvimento na mudança para economias de baixo carbono, organizando cooperação técnica, capacitação e troca de conhecimento. O texto ainda é inicial (não define formato, regras ou recursos) mas reconhece pontos considerados essenciais por especialistas, como proteção de trabalhadores, participação social e atenção a desigualdades históricas. Mesmo pouco concreto, o fato de entrar no rascunho já eleva o tema a um novo patamar político dentro das negociações climáticas. EM BAIXA: ⚠️O novo rascunho da COP30 deixou muita gente decepcionada. O texto tirou qualquer menção aos combustíveis fósseis e também apagou a ideia de um caminho claro para o fim do desmatamento. Na prática, diz que a transição é necessária, mas não explica como — nem quando. É por isso que a sensação é de retrocesso entre ambientalistas, bem no momento em que a pressão por mudanças deve crescer nas próximas horas. E tem mais: a União Europeia, que vinha evitando o confronto, agora disse claramente que não aceita sair de Belém sem alguma referência aos fósseis. O problema é que isso bate de frente com países que rejeitam qualquer menção ao assunto, e o impasse só aumenta. "A Europa transformou a menção aos combustíveis fósseis numa linha vermelha: eles finalmente verbalizaram que não saem daqui sem isso — mas outros países também têm suas linhas vermelhas, e ninguém quer ceder", explica Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima. 📝 ENTENDA O QUE PODE ACONTECER NAS PRÓXIMAS HORAS: A COP30 amanhece neste sábado ainda sem acordo final. As negociações seguiram pela madrugada e devem continuar ao longo da manhã, já que os países continuam divididos sobre os principais pontos do texto, especialmente combustíveis fósseis, financiamento e ambição climática. Fontes ouvidas pelo g1 afirmam que a presidência da COP deve apresentar uma nova versão do texto final da cúpula neste sábado. A partir daí, cada grupo regional vai avaliar se a redação é aceitável ou se precisa voltar para ajustes, um processo que pode atrasar a plenária final. Há também pressão adicional vinda de outros fronts: países africanos reforçaram o pedido por mais recursos para adaptação, e grupos vulneráveis cobram que o texto reflita a responsabilidade histórica das nações desenvolvidas. A avaliação geral é de que qualquer acordo agora dependerá de concessões simultâneas em várias frentes. O clima é de incerteza, mas a expectativa é de que a manhã deste sábado seja decisiva. Se houver consenso mínimo, a presidência pode marcar uma plenária ainda antes do meio-dia. Se as divergências persistirem, a COP30 corre o risco de se estender novamente. O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago. Ueslei Marcelino/COP30 2 - Brisa de esperança: a virada da alimentação na COP30 O g1 Pará mostrou um dado inédito desta COP30: ao menos 30% dos alimentos servidos na conferência vieram da agricultura familiar amazônica. O levantamento identificou 8 mil famílias e 80 organizações rurais envolvidas no fornecimento, movimentando cerca de R$ 3,3 milhões na economia local. Essa diretriz colocou ingredientes típicos do Norte no centro dos cardápios da conferência. Ariá, muruci, bacaba, pupunha e outras preparações regionais foram incorporadas às refeições distribuídas aos participantes de quase 200 países. O Restaurante da Sociobio, por exemplo, utilizou 80% de produtos agroecológicos e serviu cerca de 120 mil pratos ao longo do evento. Como o Brasil tem 74% de suas emissões ligadas ao uso da terra e à agropecuária, a experiência reforçou o debate sobre sistemas alimentares sustentáveis dentro da agenda climática. A expectativa entre os organizadores é que o modelo adotado em Belém agora possa orientar futuras conferências. Agricultura familiar ganha espaço e destaque na COP30 em Belém 3 - Traduz aí, g1 O QUE É O BAM? O BAM é o Belém Action Mechanism, proposta que virou palavra da moda nos corredores da COP30. A ideia é criar um mecanismo para organizar, acompanhar e fortalecer a transição justa, ou seja, a mudança para uma economia de baixo carbono sem deixar trabalhadores e comunidades vulneráveis para trás. A transição justa não é nova: ela aparece no preâmbulo do Acordo de Paris, ganhou um programa próprio na COP27 e diálogos regulares na COP28. Mas, até hoje, tudo ficou no campo voluntário. O BAM tenta mudar isso ao pedir que países coordenem suas políticas, compartilhem experiências e criem formas mais claras de acompanhar o que está sendo feito. Ele também defende que o apoio internacional priorize financiamento que não gere dívidas e que tecnologias limpas sejam compartilhadas com países em desenvolvimento. O mecanismo foi construído por organizações da sociedade civil e recebeu apoio de diversos grupos, incluindo movimentos trabalhistas, coletivos de jovens, organizações de gênero e parte das lideranças indígenas presentes em Belém. O impulso maior veio quando o G77 + China, que representa cerca de 80% da população mundial, declarou apoio a um mecanismo de transição justa, um aceno direto na direção do BAM. Nem todo mundo, porém, está a bordo. Países como Reino Unido e Japão resistem à proposta e chegaram a receber o “Fóssil do Dia” por isso. Mas, para quem acompanha o tema de perto, o motivo da disputa é claro: sem planejamento, a transição energética corre o risco de repetir desigualdades e é justamente isso que o BAM tenta evitar. 4 - Pergunta do dia: por que gênero e raça viraram pontos de tensão na COP30? As negociações sobre gênero e raça entraram na reta final da COP30 com mais pressão do que o esperado. Esses temas não definem metas de carbono, mas fazem parte do conjunto de políticas que apoiam a implementação dos acordos climáticos, e é aí que surgiram os impasses. Países da Europa, do Oriente Médio e da América Latina defenderam que os textos fossem mais restritos, enquanto outros blocos insistiram que conceitos como “mulheres de ascendência africana” e interpretações mais amplas de gênero fossem mantidos. É um debate que acompanha a COP há anos, mas que ganhou peso extra agora porque o plano de ação de gênero está sendo atualizado para valer até 2034. Como funcionam as negociações na COP Na prática, o problema não é a existência desses termos, mas o efeito que eles podem ter sobre outras agendas, como a transição justa e a proteção de populações vulneráveis. Delegações alertam que, se o texto final recuar, políticas de adaptação e financiamento podem deixar de considerar quem mais sofre com secas, enchentes e calor extremo. Os entraves foram tão grandes que o tema saiu do nível técnico e passou ao nível político, um movimento raro nas COPs. Apesar disso, os rascunhos mais recentes mostram que as notas de rodapé foram retiradas e a linguagem mais inclusiva foi mantida. Para muitos negociadores, isso evita um retrocesso e permite que o tema avance junto com o restante do pacote climático. Quer mandar uma pergunta pro TERMÔMETRO? Envie pelo VC no g1 ou nos comentários desta reportagem 5 - Fóssil do Dia Integrantes da Climate Action Network realizam a cerimônia do “Fóssil do Dia” na COP30, prêmio simbólico que marca os países apontados como obstáculos às negociações climáticas. Climate Action Network O “Fóssil do Dia” desta sexta foi para a Rússia, segundo a Climate Action Network (CAN), rede que organiza a anti-premiação. A justificativa da CAN é que o país teria atrasado diferentes frentes das negociações da COP30, desde adaptação até transição justa, ao insistir em posições que mantêm os combustíveis fósseis no centro do texto oficial. A Rússia também contestou avanços nas discussões de gênero, defendeu termos ultrapassados e reforçou a ideia de “combustíveis de transição”, argumento usado por países que querem preservar espaço para o gás. O relatório ainda cita o contraste entre a meta doméstica russa, que deixa carvão e gás com papel dominante até 2050, e a participação das renováveis, hoje projetada para cerca de 3% em 2040. A CAN também destaca que a nova meta climática russa (NDC) segue entre as mais mal avaliadas do mundo e que a guerra na Ucrânia ampliou emissões e aumentou a dependência de receitas fósseis. Qual gás do efeito estufa é o maior vilão do clima? 🦖 O "Fóssil do dia" é um "prêmio" simbólico e irônico, concedido uma vez por dia durante as conferências climáticas da ONU. 6 - Você precisa assistir Arte que navega: conheça os abridores de letras, artistas que pintam os barcos da Amazônia A enviada especial do g1 a Belém, Paula Paiva Paulo, contou a história dos abridores de letras, os artistas responsáveis por pintar nomes e desenhos nos barcos da Amazônia. A tradição nasceu de um decreto de 1925 que obrigava as embarcações a exibirem seus nomes nas laterais. No Norte do país, essa regra acabou se transformando em um estilo próprio: letras grandes, curvas, cores fortes e ornamentos inspirados na tipografia vitoriana. No vídeo, a Paula conversa com artistas como Cuca, de Igarapé-Miri, e Hidaias Dias, do Marajó, nomes que começaram cedo e hoje têm seus trabalhos circulando pelos rios da região. Um detalhe curioso é que cada barco funciona, na prática, como uma galeria itinerante: ao navegar entre municípios, ele leva consigo o estilo de quem o pintou e acaba influenciando novos artistas ao longo do caminho. É assim que essa tradição segue se expandindo pela Amazônia, sempre em movimento. Vale a pena assistir para ver de perto como essa arte circula pelos rios e continua se reinventando geração após geração. COP 30 teve presença de 195 países e mais de 42 mil participantes; '2ª maior da história', diz Ministério do Turismo 7 - Além da imagem Ativistas exibem mensagens escritas nas mãos durante um protesto na saída de negociadores da COP30, em Belém, nesta sexta-feira (21). REUTERS/Anderson Coelho MAIS DO QUE UMA FOTO: A imagem acima mostra um grupo de jovens levantando as mãos com mensagens escritas na pele durante um breve protesto na Blue Zone da COP30. O ato aconteceu no momento em que negociadores deixavam uma das salas mais movimentadas do dia. O grupo pedia que o texto final incluísse referências explícitas à transição para longe do petróleo, do gás e do carvão, ponto que dividiu delegações ao longo de toda a semana e se tornou um dos focos de tensão nesta reta final das negociações. A cena também ajuda a entender o contraste com as duas COPs anteriores: em Dubai (COP28) e em Baku (COP29), manifestações foram fortemente restringidas e a circulação de movimentos sociais nos espaços oficiais era bastante limitada. Em Belém, apesar de regras de segurança, os corredores tiveram protestos diários e uma participação ampliada da sociedade civil, que voltou a aparecer de forma mais visível dentro e fora da Blue Zone. Amanhã, acompanhe mais um TERMÔMETRO DA COP30. Até lá! LEIA TAMBÉM: Por que rota para fim de combustíveis fósseis virou impasse na COP30? 'Fraco', 'furos inaceitáveis', traição à ciência': especialistas e organizações criticam rascunhos de textos da COP30 Acordo entre país da Oceania e instituição ligada à ONU é assinado em padaria de Belém após incêndio na COP 30

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/11/22/termometro-da-cop30-dia-13-conferencia-entra-na-prorrogacao-entenda-o-que-esperar.ghtml


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