Suspeito de matar a esposa, pastor é preso e alega que discussão sobre a guarda do enteado motivou crime no AC
14/06/2025
(Foto: Reprodução) Natalino do Nascimento Santiago, de 50 anos, foi preso pela Polícia Civil na manhã deste sábado (14) em Capixaba. Ele estava escondido em uma área de mata na Reserva Legal Promissão. Auriscléia Lima do Nascimento foi assassinada na última quarta (11). Pastor foi transferido para Rio Branco pela polícia por medo de represálias da comunidade
Arquivo pessoal
Após quatro dias de buscas, o pastor evangélico Natalino do Nascimento Santiago, de 50 anos, suspeito de assassinar a esposa, Auriscléia Lima do Nascimento, foi preso pela Polícia Civil na manhã deste sábado (14) em uma área de mata da Reserva Legal Promissão, dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex), em Capixaba, interior do Acre.
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O delegado Aldízio Neto, responsável pelas investigações, disse que um morador entrou em contato com ele avisando que Natalino queria se entregar. "Fui com outro policial, ele estava lá e se entregou. Trouxemos para Rio Branco", confirmou.
No trajeto, o delegado contou que conversou com o suspeito e ouviu dele que as motivações do crime foram ciúme e uma discussão com a esposa por conta da guarda do enteado, de 5 anos, que ele criou como filho.
"Disse que foi o ciúme, que ele e a esposa resolveram se separar no dia anterior e teve a questão da guarda do filho. Falou que perdeu a cabeça, pegou o terçado e matou ela", destacou.
Ainda segundo o delegado, a criança estava no colo da vítima no momento do crime. "O menino foi registrado como filho dele, criou desde que nasceu. É enteado e a briga foi por conta da guarda dessa criança", reforçou.
Transferência para Rio Branco
Por conta da comoção que o crime causou na cidade, o delegado preferiu levar o suspeito para a capital Rio Branco. Após a notícia da prisão se espalhar, populares foram até a delegacia de Capixaba e fizeram um cerco para tentar agredir o suspeito, segundo Aldízio.
"A população estava querendo pegar ele lá [na delegacia]. Quando soube da informação que ele queria se entregar, fui bem discreto onde estava, tirei ele de lá e trouxe para Rio Branco. Quando cheguei aqui é que divulguei a prisão e, logo em seguida, a população foi para a delegacia, cercaram lá", complementou.
Auriscléia Lima do Nascimento, de 25 anos, foi assassinada e o marido, Natalino Nascimento, de 50, é o principal suspeito
Arquivo pessoal
Pastor foi visto antes da prisão
O pastor havia sido visto por volta das 5h de quinta-feira (12) saindo de uma lanchonete que fica na divisa entre as cidades de Xapuri e Capixaba. A polícia comentou que apesar de ser avistado, não foi capturado.
Na sexta (13), homem foi visto entre um campo e uma mata. Com ajuda da população, que se mobilizou nas buscas, a polícia fechou um cerco em um raio de 15 km para prender o suspeito.
"Ele andou sempre no mesmo perímetro. Rodou muito, ficou indo e vindo", revelou.
Uma moradora local, que não quis se identificar, chegou a fazer contato com a Rede Amazônica Acre e comentou sobre o medo que a comunidade estava sentindo com o suspeito solto.
Helicópteros foram vistos sobrevoando proximidades onde homem é procurado no AC
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Medo de ser morta
Em entrevista ao g1, a amiga de Auriscléia, Ana Maria da Silva Nascimento, de 37 anos, comentou que Cléia, como era chamada, estava apresentando um comportamento diferente nos últimos tempos, mas segundo ela, nunca imaginou que Natalino seria capaz de matá-la.
"Ela tinha uma vida normal, no começo ele tratava ela muito bem, como uma princesa, só que do meio pro fim, ela vinha tendo alguns comportamentos diferentes do normal, do natural. Fazia postagem de status deprimente, como se estivesse passando por alguma situação difícil, só que no momento a gente não que imagina que é algo tão grave, que pudesse chegar a esse nível", expôs ela.
Ana Maria disse que, em contato com a família, descobriu que Cléia falou com as pessoas que moravam próximas dela, que estava com medo de morrer. Os familiares comentaram que desde terça (10) ela já estava "estranha", como se ela estivesse sendo ameaçada ou coagida a algo.
"Ela só falava pessoalmente que estava com medo de morrer e que se morresse que era para pegar o telefone e enterrar junto com ela. Ela estava falando assim umas coisas assim meio sem noção", disse a amiga.
Filho de Auriscléia era enteado de Ana Maria e por isso as duas viraram amigas
Arquivo pessoal
Cléia teve um filho com o ex-marido de Ana Maria, que é o filho autista de 9 anos. O menino não ferido durante o ataque.
"O filho dela está lá e não tem noção do que é vida e do que é morte. As coisas estão acontecendo e é um momento de muita dor. O filho dela por ser autista, apesar de ter 9 anos, que já era para ter uma reação, simplesmente não tem reação nenhuma, a não ser brincar com os amigos. Ela se preocupava muito com os filhos", falou.
A amiga frisou ainda que Cléia era uma mulher lutadora e não tinha maldade. Antes de morrer, conforme a amiga, Auriscléia ainda conseguiu pedir para que os familiares cuidassem dos filhos.
"Ela lutou pelos filhos até o último dia da vida dela, porque no auge da morte, desfalecendo, puxou o irmão e disse: 'luta pelos meus filhos, luta. A guarda deles é para ficar com vocês'. Ela se preocupou com a guarda das crianças e não queria que ele [Natalino] ficasse com eles", menciona.
Sobre o suspeito, Ana Maria revelou que nunca percebeu comportamentos que despertassem alerta. Porém, a amiga já havia dito que não estava satisfeita com o relacionamento.
"Há dois anos, eles sofreram um acidente e após o capotamento ele saiu do carro e não ajudou ela e nem os filhos. Depois disso, ela comentou comigo, em uma conversa que tivemos, que perdeu o encanto por ele depois do acidente, porque Natalino só se preocupou com ele. Ela teve que lutar pela vida dela e dos filhos e por causa dele, o carro que era dela ficou destruído", comentou Ana Maria.
Suspeito é envolvido em outros crimes
O delegado da cidade informou que o homem já foi sentenciado em um caso de estupro e em um homicídio. Natalino chegou a cumprir parte da pena e progrediu de regime, porém desobedeceu as ordens judiciais. O homem tem 35 anos para cumprir em regime fechado.
"Ele cumpriu alguns anos e foi para o regime semiaberto, porém ele não cumpriu com as obrigações e regrediu de regime, para fechado. Foi expedido um novo mandado de prisão agora em maio e desde então, ele já era considerado foragido", esclareceu.
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar casos de violência contra a mulher:
Polícia Militar - 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu - 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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