Onça resgatada à deriva já percorreu mais de 1,2 km após soltura no Amazonas
24/11/2025
(Foto: Reprodução) Vídeo mostra onça resgatada à deriva no Rio Negro sendo solta em floresta do Amazonas. Antônio Humberto/Seped
A onça-pintada resgatada após ser encontrada à deriva no Rio Negro já percorreu mais de 1,2 km. O animal foi solto em uma área de floresta no Amazonas e voltou à natureza há 15 dias, depois de passar 40 dias em processo de reabilitação e avaliação por especialistas. Este é o primeiro caso registrado na região, segundo o governo do estado, de um animal da espécie panthera onca resgatado, tratado e reintroduzido em seu habitat natural.
O resgate ocorreu em 1º de outubro, quando foi avistada por passageiros de uma embarcação que passava pelo local no momento em que ela tentava atravessar o rio. Após ser capturada pela equipe técnica, ela foi levada para o Zoológico do Tropical, onde passou por exames, observação e monitoramento do comportamento.
A soltura aconteceu em uma área de mata preservada, distante de comunidades ribeirinhas, para garantir segurança tanto para moradores quanto para o animal. Imagens registradas no momento mostram o felino deixando a caixa de transporte e correndo para dentro da floresta. (veja vídeo acima).
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O local foi escolhido com base em critérios ecológicos.
"A gente não pode fazer a translocação de um animal de uma bacia hidrográfica para outra. As forças naturais, rios, florestas, montanhas, delimitam o território", explicou o biólogo e pesquisador em felinos, Rogério Fonseca.
A equipe não divulgou o ponto exato da soltura, mas informou ao g1 que a onça foi devolvida à margem direita do Rio Negro, região onde foi encontrada.
"É um território enorme, desde São Gabriel da Cachoeira até o município de Iranduba. Ele está prospectando área, disputará território, isso faz parte da lei da selva", completou Rogério.
A operação de reintrodução foi coordenada pela Secretaria Executiva de Proteção da Amazônia (Sepet-AM) e envolveu uma equipe de médicos-veterinários, biólogos, pesquisadores e técnicos de imagem. O grupo precisou acampar na mata para garantir que o felino fosse liberado em condições seguras, seguindo orientações dos profissionais envolvidos.
Onça resgatada à deriva no Rio Negro é solta em floresta do Amazonas
Antonio Humberto
Monitoramento por colar
Antes da soltura, o animal passou por exames no dia 4 de novembro de 2025, quando recebeu um colar de radiomonitoramento cedido pelo Instituto Onça-Pintada (IOP), de Goiás. O colar envia dados a cada hora, dependendo da cobertura de satélite e da cobertura de mata.
"O mais importante é abrir o ponto de monitoramento e não estar escrito lá: animal morto. Ele está vivo, está andando", disse o biólogo e diretor do Zoológico do Tropical, Nonato Amaral.
Segundo a equipe, nesses 15 dias o felino já percorreu mais de 1,2 km. Sobre alimentação, ainda não há confirmação direta.
"São suposições, pelo tempo parado em determinado ponto. Não dá para saber ao certo", explicou Amaral.
Por ser jovem, o maior desafio agora é conquistar território. "Se ele encontrar outro macho que já transite pelo local, vai ter combate. Ou ele sai, ou permanece. Isso depende do tipo de conflito", disse.
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Análise das fezes revela o que aconteceu
Para entender a história da onça antes do resgate, os biólogos aguardaram a primeira defecação do animal. A análise da amostra trouxe informações importantes sobre sua origem.
"A análise mostrou que era uma onça selvagem que estava se alimentando de animais de sítios e que foi vítima de armadilha de caça, pois encontramos larvas de moscas, restos de animais e pelos de cão", relatou Amaral.
Segundo ele, o comportamento típico de caça da onça é capturar a presa, esconder e retornar ao local, o que facilitou que caçadores montassem a armadilha.
"A posição dos chumbos, concentrados em 28 centímetros do focinho ao pescoço, mostra que ela passou com a cabeça baixa pelo gatilho da arma", explicou.
Relembre o caso
Onça é resgatada após passar horas nadando no Rio Negro, em Manaus
A onça foi resgatada no dia 1º de outubro, depois de ser vista por passageiros de uma embarcação tentando atravessar o Rio Negro. O animal parecia exausto e desorientado.
Após o resgate, realizado por equipes da Sepet, do Batalhão Ambiental, do Laiff/Ufam e de apoiadores, exames mostraram que o felino havia sido atingido por disparo de arma de caça, com mais de 30 estilhaços no rosto, cabeça e pescoço. Ele também apresentava dentes quebrados e ferimentos visíveis, mas seu estado de saúde foi considerado estável.
Após os primeiros cuidados em uma clínica veterinária, o animal foi transferido para o Zoológico do Tropical, na Zona Oeste de Manaus, onde foi feito o tratamento e observação.
Soltura onça-pintada: após reabilitação, animal foi devastado ao habitat no Amazonas
